Trabalhar com mãe é viver uma dança antiga porem repaginada com novos passos, sempre num delicioso e desafiante compasso.
Há quem se nege a esse entrelace, há quem considere a possibilidade, mas é certo que gerações que hoje quase invertem seu papel, ao estebelecerem novos acordos de interações, geram pequenos grandes ruídos e uma imensa oportunidade de reconhecer aquelas pessoas que já não mais ocupam o mesmo papel de anos atrás.
São corações que já bateram em um mesmo corpo e que hoje batem juntos por um mesmo projeto.
Às vezes no mesmo ritmo, às vezes em tempos distintos.
Por falar em tempo. Essa palavra com certeza, está presente minha relação de construção coletiva, afetiva e materna da Urucum, ao lado da minha mãe, Heloisa.
Onde misturamos passado, presente e futuro numa formula artesanal, cremosa e cheirosa. rs
Heloisa é força. Heloisa é delicadeza. Ela mede as gotas com exatidão, calcula os centavos, organiza as planilhas e confere o peso das embalagens com um olhar clínico e maternal. Ela é o chão firme, a base, o zelo técnico que sustenta tudo.
Eu sou conversa fiada. Sou filha do vento. Sou expansão. Sou quem fala com as plantas e com as pessoas. Sou quem faz, desfaz e refaz. A que cria, sonha, se empolga, pergunta e se espalha.
Juntas, somos a Urucum. Um laboratório onde a intuição encontra o método. Um ateliê onde o que é artesanal também é exato. Uma casa onde a alquimia não é só dos ingredientes, mas também dos laços de duas mulheres se reconhecendo diariamente, reformulando a formula do amor em uma versão ainda mais potente.
Não é fácil. Nunca é. Porque trabalhar com mãe é lidar com muitas camadas — das que a gente herdou às que a gente vem costurando juntas, no dia a dia e as que ainda esão por vir, nessa mistura de espaço-tempo.
Ah! Eu não lembro a senha do seu email, ok mãe?