Tem coisas que a gente escolhe fazer. E tem coisas que escolhem a gente.

A Urucum, me escolheu e essa escolha não foi recente. 

É claro que para materializar qualquer coisa, demanda muito esforço, mas eu diria que foi necessário mais coragem.

A Urucum, definitivamente, não é só algo que eu faço. Ela é parte de quem eu sou.

Criar a Urucum foi, de alguma forma, uma liberdade. Uma expressão. Uma possibilidade de brotar um sentimento que eu nunca encontrei em lugar nenhum.

Talvez o mais bonito disso tudo seja que a Urucum nasceu de uma dor. De uma história difícil, daquelas que faz a nossa vida mudar de cabeça pra baixo. Mas que ainda assim, era forte para florescer.

Nasceu da poesia de transformar o que era duro em algo leve, bonito e partilhável. 

Em um cuidado que, primeiro, antes de tudo, curou a mim.

Urucum é sonho, sim. 

Mas não é só isso. 

É força. É coragem.

É pergunta. 

Que tem a mesma resposta todos os dias: sim. 

Porque esse projeto, esse lugar de afeto que fomos tecendo com as mãos e ambos corações, também é lugar de sustento para a alma. Me alimenta. Me mostra a beleza da coragem e da confiança.

É uma semente que foi plantada há 10 anos. 

E como todo ser, precisou de tempo. 

Nascer dói. Crescer, então, mais ainda.

Mas é como uma extensão do meu próprio ser, a Urucum passa por isso, diariamente. E eu também.

A gestação desse sonho foi longa.

Dez anos inteiros de amadurecimento, de nutrição, de tentativa. E, ainda assim, sei que essa semente continua crescendo. Cada vez mais forte. Cada vez mais viva.

Se hoje eu olho pra Urucum com tanto amor, é porque ela me lembra, todos os dias, de que a coragem de criar vale a pena, cada segundo.

Porque o tempo da semente é outro. 

E, quando ela brota, é pra florescer de verdade.